“O Ruffneck Sound System foi fundado em 2017 na cidade de Campinas – SP. Em sua formação inicial contava com Flávio Rude e Raquel Ruff.
Flávio Rude já era DJ e organizador de eventos e também integrante do Muamba Sounds desde 2012. Vinha comprando, além de discos, os equipamentos pela necessidade de DJ. Em 2015 saiu do seu trabalho com comunicação visual para trabalhar como autônomo com som e eventos e abriu o (espaço) Studio Jabuticaba. Investiu o dinheiro do fundo de garantia em equipamentos, planejando compartilhar esses no trabalho com eventos e na formação de um sound system físico. Comprou principalmente potências, que são os mais caros dos periféricos. Como o dinheiro em mãos não era suficiente para tudo, guardou as potências e seguiu com os trabalhos para economizar e continuar a comprar o restante até a formação completa do sound.
Em 2016 a Raquel já era assistente nas produções de eventos no Studio Jabuticaba, que tinha a DJ Pagu como residente em um dos projetos, além de usar o estúdio para treinos semanais. Disso surgiu a ideia de promover uma parceria entre o Studio Jabuticaba e a DJ Pagu para uma oficina de DJs para mulheres. Pagu convenceu Raquel, que tinha um bom conhecimento de música, a participar da oficina. Raquel passou então a acompanhar a DJ Pagu nos treinos semanais e foi revelando uma facilidade natural em tocar, passando a discotecar nos eventos do Studio e também como convidada da DJ Pagu. Em seguida passou a ser DJ residente do Sarau das Manas e então convidada de vários eventos.
Em 2017, já tomada pelo gosto de tocar, Raquel resolveu se unir com Flávio Rude na montagem do sound system. Através de um financiamento terminaram a compra das caixas e fundaram o sound que foi montado na rua pela primeira vez em 20 de novembro de 2017. Trabalham com 2 subs Hog, 2 Médios Graves HD15 , 2 caixas reflex com uma via para médios com falantes 15” e uma via separada para drivers e tweeter.
Como era um projeto basicamente de duas pessoas, de início contamos com amigos simpatizantes de nosso trabalho para nos ajudar a carregar, montar, desmontar e produzir os eventos. Esses amigos aos poucos foram entrando na formação da equipe, ajudando de forma geral, mas a cada evento fomos delegando funções conforme conhecimento e facilidade de execução e cada um passando a assumir uma função mais específica, o que nos permitiu executar nosso trabalho de forma mais profissional e trabalhar na produção dos eventos associada à economia criativa, já que não temos condições e privilégio de promover eventos tirando dinheiro do bolso.
Desde o início pensamos sempre em planejamentos futuros, buscando alcançar metas e formas de conquistar o público que entendemos ser nosso alvo, além de dialogar com públicos de diferentes idades e formação educacional para que entendessem nossas propostas – e, o mais importante, entendessem o valor da música jamaicana partindo de seus ritmos mais antigos aos mais novos.
Passar a mensagem que o novo só existe por causa do antigo, que o antigo teve influência de outros ritmos externos à ilha, que os ritmos jamaicanos influenciaram e influenciam ritmos em todo o mundo e que as belezas, dificuldades e conquistas são semelhantes em toda a população em diáspora espalhada pelo mundo. Entendendo isso cada um escolhe seu ritmo de preferência mas sempre mantém o respeito aos demais ritmos!
O Ruffneck Sound System funciona não só como um coletivo de DJs/seletores/cantores como a maioria das equipes no Brasil, mas também como uma empresa de eventos, entretenimentos e economia criativa. Isso também influencia na função de cada integrante de nossa formação: quando precisa todo mundo faz tudo, mas geralmente procuramos ter frentes de trabalho.
Como formação hoje temos:
Flávio Rude – produtor executivo, técnico de som, comunicação e DJ, também é DJ do Muamba Sounds, Festa Sound Killaz, produtor musical do Studio Jabuticaba e do projeto de música experimental Rude Attack.
Raquel Ruff – produtora executiva e DJ, também é organizadora e DJ do Sarau das Manas, DJ na festa #As Mina É Zika.
Thiago Junglist – assistente de produção e gerência de bar, também integra a organização do projeto de DJ Stream e webTV Clubinho Underground.
Thiago Uchoa – assistente de produção e gerência de caixa. integra o Sarau Palavra a Margem e a Festa Geomaica.
Thay Clandestina – atendente e DJ.
Sammy B – assistente de produção e Toaster, integrante do coletivo e projeto musical Big Field.
Gabi Mota – gerente de caixa e assistente de produção, integrante do Sarau Palavra a Margem.
Cris Florentino – atendente.
Alexandre Souza – encarregado de transporte e assistente de produção, também trabalha com paisagismo sustentável.
Nosso principal projeto é o PROPAGASOUND, que realizamos em espaços públicos, centros culturais, casas de cultura e etc, produzindo nossa sessão musical e passeando pelos diversos ritmos da música da Jamaica. Recebemos DJs, outras equipes e cantores junto com grupos de dança, reunindo artes de diversos segmentos, bar, alimentação e expositores. Dessa forma associamos a música Jamaicana e a cultura sound system nos moldes que foi concebida na Jamaica para reproduzir nossas mensagens de lutas e entretenimento, mas também para mostrar que a música tocada, o talento, criatividade, produção e nosso trabalho de forma geral precisam ser valorizados, precisam gerar renda para se manter, se renovar e circular nos mais diversos locais.
Realizamos ao menos uma edição mensal do PropagaSound na Sala dos Toninhos, espaço de administração compartilhada que funciona dentro da Estação Cultura de Campinas. Fazemos parte da administração do espaço junto à Rede Usina Geradora de Cultura e grupos de culturais.
Outro projeto nosso é a festa Bashment Dancehall, que tem foco no dancehall mas também toca outros diversos ritmos, tanto oriundos da Jamaica como ritmos pop da música Preta & Periférica pelo mundo, associando tudo no eventos com grupos de dança e moda Afro e urbana.
Esperamos que a cultura Sound System e o Reggae cresçam aqui na região. Torcemos também pelo surgimento de mais equipes sérias, revelação de cantora(e)s, e que o público e sociedade geral aprendam a grande riqueza da música jamaicana e esqueça os estereótipos associados ao reggae e povo Preto a quem essa cultura pertence.
Nosso objetivo é continuar firme e forte no que estamos fazendo, ocupando cada vez mais espaços, fortalecer as parcerias que já temos com movimentos sociais, mestres de matrizes africanas da região, manter o público que já conquistamos e atrair muito mais, aumentar nossos equipamentos, aprovar alguns projetos de editais que temos participado. E contribuir para o crescimento e amadurecimento da cultura Sound System Brasil a fora!”