“Começamos no final de 2009 com a primeira edição da festa Brooklin Sound System, na Avenida Morumbi, próximo à Avenida Santo Amaro. No começo éramos dois, Gustavo Gasparini e Gabriel Gehlen, e com o passar de três edições Lucas Barreto se juntou a nós firmando a formação que sustenta a parte técnica do projeto. A proposta era trazer a experiência dos bailes que frequentávamos e a nossa experiência cultural pessoal para as pessoas que tínhamos contato na Zona Sul de São Paulo”.
Eles contam de onde vinha a bagagem e o conhecimento que adquiriam e queriam adquirir. “Íamos em muitos bailes no antigo CCPC, na Consolação, nas festas em que Quilombo Hi-Fi, DubVersão e outros poucos seletores produziam. Nosso “espelho” de exemplo para essa cultura que existe atrás do Gênero Reggae foi possível por meio destes sounds atuantes na época”.
Depois de algumas edições no Brooklin Sound System o coletivo teve contato com Dom Lampa e Denis Sintonia, por meio do trampo do Julgados Culpados, projeto do qual os dois faziam parte. “Fomos tocar em alguns outros lugares fora da nossa “casa” e começamos a migrar para espaços públicos e privados que surgiam. Fomos residentes de 20 edições da festa Convocação Dub, na qual passaram inúmeros artistas e seletores. Dom Lampa era o idealizador, ali foi a nossa experiência inicial tocando junto com outros produtores e artistas do cenário.”
“Desde o início do projeto caminhamos para a produção de músicas próprias, tanto em instrumentais como em letras. Escutávamos muitas músicas internacionais que serviam de exemplo com certeza, mas a maior influência veio do que era produzido naquele momento no cenário nacional, ate mais do rap do que do reggae … Gravamos um álbum em 2010 em riddims clássicos do cenário Jamaicano e com duas produções do produtor Cesrv que se chamava Raggalienz, e outro álbum que se chamava Amanajé Apresenta: Raggnomo, com produções e parte técnica todas feitas pelo Gabriel Gaúcho. Com o passar do tempo cada qual foi se especializando em sua área para o bom funcionamento do som, na parte de produção dos sons e das próprias atividades para movimentar o nosso Sound System.”
“Hoje em dia nossa formação conta com Felipe de Castro e Alvaro Humberto, irmãos nossos que fizeram participações de vocais no álbum Akitafya, último trampo lançado e projeto de trabalho apresentado hoje pelo Amanajé. Esse álbum contou com a criação e a mixagem de músicas dos próprios integrantes do Amanajé e com a masterização de Wagner Bagão Dubalizer. Tivemos participações de vários artistas tais como Monkey Jhayam , Marina Peralta, Msario, Apolo, e Tiano Bless. Lançado virtualmente pelo Selo DUBATAK RECORDS do Produtor Jeff Boto o álbum tem 15 faixas, variamos bastante os gêneros dentro do projeto, já que contamos com influências pessoais de 5 membros diferentes.”
“Acreditamos na nossa mudança pessoal através desse cenário cultural, da música e da arte, então sempre procuramos trazer auto conhecimento e consciência na parte lirica das produções. A meta ou as metas para o desenvolvimento do projeto é poder estar trazendo cada vez mais músicas próprias tanto com a nossa formação ou com outros coletivos e artistas que façam parte do cenário e a produção de eventos privados e públicos com qualidade para junto dos inúumeros sounds que estão pelo Brasil fermentar essa cultura independente e cada vez mais desenvolver esse cenário.”
“Em 2015 vamos lançar alguns clipes do último álbum e algumas músicas novas, sem falar na mixtape com o produtor e parceiro Jeff Boto que também sai antes do meio do ano. Após o segundo semestre a ideia é abrirmos nosso canal de riddims próprios com versões oficiais e instrumentais para uso, estamos em processo do nosso segundo álbum com essa formação com pr[evia de lançamento para outubro desse ano”, finalizam.
E fica a derradeira mensagem dessa entrevista. “Se tivermos espaço para um salve, gostaríamos de agradecer a todos os irmãos e coletivos que fazem isso de forma séria e com o coração, sem segregar o que parece ser para si próprio o certo da cultura e o errado. A missão é poder mostrar pro público seja ele qual for como é viável poder correr atrás de um sonho próprio, estudar e se agilizar sem perder tempo e virar massa de manobra dessa engrenagem consumista. Seja os irmãos que estão a mais tempo e aos sounds que estão começando, somos o exemplo da própria cultura para quem está buscando esse tipo de frequência. Então mais do que fazer o baile mais dançante ou até o mais roots temos que ser responsáveis para o que promovemos em nosso meio, sempre acreditando que estamos trazendo evolução e não regresso a esse meio.”